quinta-feira, 13 de março de 2008

CONSCIÊNCIA ESPÍRITA

Palestra proferida pelo Expositor Espírita Richard Simonetti em Bauru-SP com o tema: Consciência Espirita.


Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. Participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social. Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita". Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros e alguns países em palestras de divulgação da Doutrina Espírita. Para saber mais sobre Simonetti, clique aqui.





Parte I




Parte II




Parte III

terça-feira, 11 de março de 2008

MEDIUNIDADE

Todos somos médiuns

A palavra médium foi utilizada, pela primeira vez, por Allan Kardec para designar a pessoa que serve de intermediário na comunicação dos espíritos. Mas, de certa forma, todos nós somos médiuns, porque estamos sujeitos às influencias de espíritos e, de um modo ou de outro, ainda que sem percebermos, podemos pensar, falar e até mesmo agir sob essas influencias. Podemos inclusive captar pensamentos ou apresentar sintomas que anunciam suas presenças. A intuição, por exemplo, é um tipo de mediunidade e se manifesta em qualquer pessoa.

Mediunato

No entanto, alguns poucos indivíduos possuem certas predisposições naturais que os colocam em contato mais duradouro com o mundo dos espíritos. Apresentam sintomas tão evidentes e permanentes de mediunidade que, segundo Allan Kardec, eles tem uma tarefa especifica como médiuns que precisa ser explorada. A esta tarefa damos o nome de MEDIUNATO e a esses indivíduos chamamos de MÉDIUNS propriamente dito. A mediunidade manifesta-se por variadas formas, levando os médiuns a interpretar os espíritos através da fala (PSICOFONIA), da escrita (PSICOGRAFIA), da audição (AUDIÊNCIA), da visão (VIDÊNCIA), da pintura (PSICOPICTORIOGRAFIA), da intuição, da cura, etc.

Mediunidade e Espiritismo

Ao contrário do que muitos pensam, a mediunidade não é propriedade do Espiritismo e, muito menos, foi por ele inventada. Trata-se de uma predisposição natural do ser humano, que existe desde que o homem surgiu na Terra e manifestou-se em todas as épocas, em todos os lugares e em todas as religiões, como ainda hoje acontece. Na bíblia, como em outros livros religiosos, encontramos fatos mediúnicos. Os espíritos estão por toda parte e não somente no centro espírita. Onde quer que estejam podem manifestar-se de maneiras mais ou menos ostensiva e até de forma que ninguém perceba.
Foi o Espiritismo que deu à mediunidade um tratamento especial, que a estudou de fato, que descobriu-lhe os mecanismos, concluindo tratar-se de valioso recurso para o progresso da humanidade. A própria Doutrina Espírita foi trazida através de médiuns pelos espíritos e essa revelação nos conduziu a alguns pontos básicos e fundamentais para o conhecimento e a utilização da própria mediunidade.
Antes do Espiritismo, a mediunidade era objeto de simples curiosidade e passatempo ou, então, era vista como bruxaria ou arte do demônio. A ignorância e o preconceito contribuíram sempre para isso. Mas a Doutrina Espírita deu-lhe tratamento próprio entendendo que, somente assentada sobre base moral sólida, a mediunidade poderia se constituir em instrumento do bem-estar e do progresso moral da sociedade.
Hoje, podemos ver muitas formas de utilização da mediunidade que não estão de acordo com o princípio morais do espiritismo. Dizemos, então, que se trata de mediunismo e não de Espiritismo.

Mediunidade e Educação

Apesar de a Doutrina Espírita recomendar certos cuidados na prática mediúnica, nem todos os grupos espíritas os observam. Muitos entendem, erroneamente que, para o individuo ser bom médium basta exercitar sua faculdade de forma a facilitar a comunicação dos espíritos. A pessoa chega ao centro, reclama de seus sintomas estranhos e logo é classificado como médium. Em seguida, é convidado a participar das sessões, sem qualquer conhecimento, sem nenhum preparo para o exercício da tarefa. Ela nem mesmo fica sabendo a que perigo está exposta e o mal que pode causar.
O espiritismo não aprova tal procedimento. Para que a pessoa possa colocar sua mediunidade a serviço do bem, ou seja, para exercer bem o seu mediunato, é preciso primeiramente que seja iniciada nos conhecimentos básicos do Espiritismo, que se inteire de seus princípios morais e que, acima de tudo, se proponha a trabalhar por uma causa elevada, humanitária, começando pela prática do bem. Emmanuel, espírito orientador de Chico Xavier, afirma que evangelizar-se é a primeira necessidade do médium. Somente assim ele se coloca ao alcance dos bons espíritos e pode livra-se do domínio dos mal intencionados. Portanto a educação espírita do médium é indispensável.
Desenvolver a mediunidade não é simplesmente empregar técnicas que facilitem as comunicações. É bem mais que isso. Porque ninguém educa a mediunidade se não educar-se a si mesmo, se não melhorar o seu comportamento, tanto dentro como fora do centro espírita, e principalmente fora. Se o médium quiser o atendimento dos bons espíritos, terá que fazer por merecê-lo, através de uma conduta que possa, de fato, atraí-los. Do contrário, não o terá.
Essa educação, baseada na visão espírita dos ensinamentos de Jesus, pode ser auxiliada por um grupo de pessoas idôneas que conheçam o Espiritismo, e onde o médium aprenda a conhecer e a dominar a sua mediunidade, testando seus recursos e procurando conhecê-los cada vez mais, pelas observações e criticas de seus companheiros interessados em ajudá-lo. Um médium que não aceita criticas, que se melindram quando alguém faz qualquer observação à sua mediunidade, não está pronto para o mediunato, e terá muito que aprender ainda, antes de pensar em trabalhar nesse campo.

Mediunidade e Comércio

Por causa da natureza da mediunidade e do envolvimento dos desencarnados, o Espiritismo não recomenda que a atividade mediúnica seja exercida profissionalmente. Pelo contrário, sua utilização deve ser única e exclusivamente para fins humanitários, quando o médium terá oportunidade de doar-se em serviços de caridade, conforme a recomendação de Jesus, “daí de graça o que de graça recebeste”. Não se recomenda, por conseguinte, que o médium receba honorários ou qualquer outro pagamento material, mesmo em forma de presentes, a fim de que não seja estimulado a exercer a mediunidade em troca de favores.

Mediunidade e Obsessão

No espiritismo, damos o nome de obsessão à ação perniciosa de espíritos sobre seres humanos. Qualquer pessoa pode ser obsediada, porque todos estamos sujeitos às influências dos espíritos. Assim, não é só o médium que pode ser obsediado. Não podemos dizer, também, que a mediunidade é que provoca a obsessão.esta tem como causa nossos desvios de comportamento e somente pela mudança de comportamento podemos combatê-la de verdade.
Muita gente, por desconhecimento do assunto, tomam por médium todos os obsediados e teimam em “desenvolver suas mediunidades”, o que constitui grave erro. Mesmo entre os obsediados muito poucos são médiuns. Por isso, quando a pessoa perturbada chega ao centro, apresentando sintomas de mediunidade (visões, audições, sensações estranhas e desagradáveis e outros tipos de percepções) devemos primeiramente ampará-la com espírito cristão, envolvendo também sua família, no tratamento, através do esclarecimento do passe e da prece. Seria imprudente encaminhá-la nesse momento para a sessão mediúnica. Devemos tentar integrá-la num grupo de prece e serviço e, ao lado da assistência espiritual, recomendar-lhe tratamento médico para garantir-lhe o equilíbrio orgânico, que pode estar comprometido a esta altura. E mais observá-la cuidadosamente, ouvir e ponderar com os espíritos orientadores dos trabalhos a seu respeito, verificando se os sintomas apresentados na obsessão perduram ou não. A maioria dos obsediados só esporadicamente apresentam esses sintomas, o que significa que não tem mediunidade para serviço. Logo que se vêem livres da obsessão esses sintomas desaparecem. Contudo, inadvertidamente, muitos se vêem constrangidos a “desenvolver a mediunidade” e, por não serem portadores da faculdade adequada para o mediunato, acabam caindo no animismo e na mistificação.
Damos o nome de animismo à manifestação de conteúdos mentais do próprio médium, quando em estado de transe, porém, sem a participação de espíritos, ainda que o médium não tenha consciência do que ocorra. Mistificação é a manifestação fraudulenta em que o médium finge estar recebendo mensagem do espírito. Resta considerar que nem todas as pessoas, mesmo apresentando sintomas mediúnicos, estão aptas para o exercício do mediunato. Poucos dirigentes de sessões se dão conta disso. Em “O LIVRO DOS MÉDIUNS” de Allan Kardec, no capitulo referente aos “Inconvenientes e Perigos da Mediunidade”, encontramos uma questão dizendo que “há pessoas às quais é necessário evitar toda causa de excitação” e a essas pessoas o exercício da mediunidade não é recomendável. Nesse grupo estão as pessoas excessivamente nervosas e impressionáveis.

Mediunidade e Estudo

Não se pode entender que um médium desenvolva sua mediunidade sem conhecimento: primeiro da, da Doutrina Espírita e, depois, da própria mediunidade. É conhecendo os recursos de que dispõe e a forma como os espíritos atuam sobre ele (e ele sobre os espíritos), que o médium, aos poucos, pode ir adquirindo um domínio crescente sobre sua mediunidade e melhorando a qualidade de seu serviço. Esse conhecimento deve ser adquirido pelo estudo permanente, ao lado da prática, em centro bem orientado, num grupo de pessoas sérias e responsáveis.
Há uma extensa bibliografia para o estudo da mediunidade. Citemos algumas obras: “O Livro dos Médiuns” e “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec; “Nos Domínios da Mediunidade” e “Mecanismos da Mediunidade” de André Luis/ Francisco Candido Xavier; “Mediunidade” de Herculano Pires; “Seara dos Médiuns” de Emmanuel / Francisco Candido Xavier.

Função da Mediunidade

É sempre bom lembrar que a mediunidade pode ser bem ou mal empregada, como qualquer instrumento que é colocado nas mãos do homem. Por isso, o Espiritismo pretende que o médium espírita esteja bem formado moralmente para dar à mediunidade o seu verdadeiro papel na sociedade. Bom médium não é aquele que apenas recebe os espíritos com facilidade ou que só produz fenômenos extraordinários que encantam os sentidos, mas aquele que está consciente de sua responsabilidade perante a coletividade humana e o mundo dos espíritos, aquele que se esforça para servir sempre, não apenas no campo mediúnico, mas em qualquer outro setor de sua atividade, mesmo o profissional. Quem é capaz de se sensibilizar ante a necessidade do próximo, seja essa necessidade de natureza material ou espiritual, quem está pronto a dar de si em favor do outro, este, podemos assegurar, está verdadeiramente apto a trabalhar pelas grandes causas da humanidade.

Finalizando

A par destas informações, você passa a ter uma idéia geral de como o Espiritismo vê e trata a mediunidade. Mas esta simples leitura não lhe dá o conhecimento suficiente para um domínio sobre o assunto. Apenas o encaminha para o estudo. Se você deseja, realmente, conhecê-lo melhor e dirimir suas dúvidas, deve seguir as orientações aqui contidas e começar a estudar pelas obras citadas.


Elaborado por:
Centro Espírita “Caminho de Damasco”
Garça – São Paulo